sexta-feira, 22 de maio de 2009

(( O começo de uma era ))

Como não lembrar daquela doce e potente voz?

Lembro-me como se fosse hoje. Estava a andar por um corredor de escola, eis que vejo um rapaz com uns amigos. Ele vestia uma linda camiseta preta. Sua estampa dava um realce e ênfase a um lindo rosto. Então fitei aquele rosto exótico. Era branco. Pálido, ao mesmo tempo. Era um rosto preciso, traçado com muita firmeza, mas com muita doçura ao mesmo tempo.

Nunca tive heróis em minha vida. Nunca fui dada a sonhos em demasia. Nunca fui uma mocinha sonhadora. Sempre com pés no chão, tentando me equilibrar. Mas eu senti um sonho forte em mim depois daquele rosto. Não riam de mim, não achem piegas. É a verdade em mim. Eu fiquei encantada com aquela beleza; fiquei de certa forma, aflita para descobrir do que se tratava.

Então resolvi me atentar para o restante daquela camisa negra. Deparei-me com uma banda. Seu nome, Nightwish. Então fiquei pensando que tipo de banda seria aquela. Era 2002, estava eu no meu 1º ano.

Não sei explicar o que foi aquilo. Foi uma forma de encantamento; de admiração; algo imediato. Não tinha ouvido nada, mas desde aquele momento eu sabia que iria gostar.

Então resolvi ir além da imagem...
Fui em busca da sonoridade. Era a fase de um CD chamado Wishmaster.

Então descobri que um amigo, de infância tinha um DVD da banda, From Wishes to Eternity, era seu nome. Então pude conhecer aquela banda. Uma banda finlandesa. Nunca pensei em toda minha vida que poderia gostar de algo tão distinto e distante de minha realidade. Ta aí. Finlândia, país nórdico, por que não? Por que deveria me fechar em praias e sol? Não, fui buscar as sombras e o frio.



O DVD me pareceu intimista; um lugar pequeno, fechado, público menor. Mas nem por isso perdeu seu brilho. Eu pude ver e ouvir aquilo que tanta ansiava. Não me decepcionei, mas devo admitir, o rosto tão belo me pareceu uma estátua vampiresca.
Mas, como há muito sou fascinada por vampiros, encantei-me ainda mais.
Para mim, era um rosto e uma voz únicos. No DVD eu ouço uma bela melodia. Não sabia o que ela cantava, mas sabia que era algo triste. O nome era Dead Boy’s Poem.


“Nascido do silêncio, o silêncio profundo
Um concerto perfeito meu melhor amigo
Muitos motivos para viver, muitos motivos para morrer
Se ao menos meu coração tivesse um lar

Cante o que você não pode dizer
Esqueça o que você não pode tocar
Apresse-se para se afogar em belos olhos
Caminhe dentro de minha poesia, esta música agonizante
-Minha carta de amor para ninguém

Nunca anseie por um mundo melhor
Ele já está composto, tocado e recitado
Cada pensamento a música que eu escrevo
Tudo é um desejo pela noite

Escrevi para o eclipse, escrevi para a virgem
Morri pela beleza, ela no jardim
Criei um reino, alcancei a sabedoria
Falhei em tornar-me um deus

Nunca suspire...

"Se você ler este verso
Não lembre da mão que o escreveu
Lembre-se apenas do verso
O choro do criador de canções sem lágrimas
Pois eu dei a isso sua força
E ela se tornou minha única força
Lar confortante, colo de mãe
Chance para a imortalidade
Onde ser querido torna-se uma emoção
Que eu nunca conheci
O doce piano anotando minha vida"

“Me ensine paixão pois eu temo que ela já se foi”
Me mostre o amor, acolha o desamparado
Tanto mais
Eu queria ter dado àqueles que me amam
Peço desculpas
Só o tempo dirá (esta amarga despedida)
Eu vivo para não mais envergonhar, nem eu nem você

E você... eu gostaria de não mais sentir por você...

Uma alma solitária
Uma alma oceânica”


Muitos podem não entender esta relação minha com esta banda, ou talvez, chamar-me de “mau gosto”. Não me interessa. A relação é minha, de mais ninguém. Não cabem aqui críticas ao que sinto. Sentir é isso; uma relação muitas vezes inexplicável.

Descobri que muitos apreciavam o Nightwish; que muitas meninas desejavam o mesmo que eu. Descobri que muito na nossa vida é em comum com outros. Eu adorava os momentos de ouvir; de tentar sentir algo das melodias, das letras, mesmo sem entender. Adorava me imaginar cantando; expressando o que há dentro de mim, se fosse possível.

Mas eu vi que para tal coisa precisaria de dedicação; de amar. Então vi que ainda não era a minha hora. Em nenhum momento, desde então, havia conseguido realizar meu desejo tão intenso. Eu ardia por aquele desejo de cantar. Não queria ser ela. Ela era minha inspiração; um exemplo. Eu queria ter algo meu para poder me orgulhar.
Eu tinha em meu quarto, um pôster da banda. Ficava na parede. Era lindo, a meu ver. Para minha mãe, nem um pouco, parecia até uma piada de mau gosto. Ela me olhava e dizia que aquilo não me levaria a nada. Oras cada um possui seu gosto, por que eu não poderia ter o meu? Por que eu deveria me dobrar a pensamentos um tanto quanto tacanhos? Então passei a não me importar com aquilo.

Confesso que houve um momento em que eu parecia fanática. Tudo parecia me lembrar músicas, melodias, cenas. Era algo intenso para mim. Era uma devoção. A voz da Tarja era como algo celestial para mim. Parece infantil? Talvez fosse, mas devo lembrar que nunca antes senti admiração por alguém. Era algo novo para mim. Admiração. Palavra estranha no meu vocabulário até então.

Foi então que as coisas mudaram. Tarja foi embora. A banda passou por um lento processo de recuperação e de renovação. Então, depois de algum tempo, veio uma nova voz. Um novo momento e estilo. Então meu deslumbramento acabou. Não sou uma saudosista extrema; não falo que uma banda é apenas um, mas era o conjunto; a harmonia de antes que eu prezava.

Então veio a carreira separada de Tarja. Um sucesso. Para mim, óbvio, ela tem o talento; ela nasceu para isso.



Então para mim veio o acabar deste caso de amor. Parece estranho falar assim, mas só escrevendo que eu percebi isso; deparei-me com mais uma verdade minha. Eu amei aquele momento. Tudo é um conjunto. Nada é deslocado, puramente. Eu vivi uma fase de descobrimentos; de sentimentos. Muitos dizem que possuem músicas para fases de suas vidas. Eu também as tenho. Nightwish fez parte deste momento que para mim é precioso.

Se eu voltaria no tempo e mudaria algo? Não. Uma vez alguém me disse que a vida é um eterno ciclo. Então são altos e baixos, porém necessários. A música faz parte de cada um de nós, sem ela seria insuportável viver, pelo menos eu acho isso. Hoje a banda está numa nova fase. Teve show aqui. Eu estive lá. Não me arrependo de ter ido. Eu me diverti lá. Sim, foi decepcionante a cantoria nova com as músicas antigas. Não dá. Não mesmo.

Hoje ouço com ares nostálgicos o antigo Nightwish. É uma parte de minha pequena história. Ouço com certo ar ainda de sonho. Com a dúvida do tentar. Quem sabe posso ser? Quem sabe ela ainda me inspira?

Só o tempo irá dizer...
Que assim seja.

3 comentários:

Marciel disse...

^Tarja canta demais.. só acho que ela pecou em casar com aquele argentino.. pra MIM ele foi o maior culpado de tudo ...

Anônimo disse...

Escreve bem você, hem, menina...

Adorei o seu caso com o subterrâneo.

parabéns...

auauauauauaua

Faithless disse...

Meu caso foi meio parecido.. só q foi com Metallica =D